A entrada massiva de diesel russo, vendido com desconto em relação aos preços da bolsa de Nova York, alivia a pressão sobre os preços da Petrobras.
Neste mês, a empresa fez ajustes nos preços da gasolina e do GLP, mas a expectativa é que o diesel não sofra mudanças a curto prazo. Consultorias como Argus e StoneX monitoram essa dinâmica e confirmam que, embora existam discrepâncias entre os preços da Petrobras e o preço de paridade de importação (PPI), a realidade é diferente, já que os cálculos consideram produtos quase extintos do mercado brasileiro.
As discrepâncias, segundo a Abicom, são de 10% ou R$0,39 por litro, enquanto o CBIE aponta 7,24%, ou R$0,27. Contudo, consultores como Amance Boutin e Thiago Vetter estimam defasagens menores, entre 2% a 4%. Desde a última redução de 7,8% em dezembro de 2023, o preço do diesel não foi reajustado em 205 dias. Em maio, o diesel russo representou 97,8% das importações, caindo para 71,2% em junho, enquanto outros países, como Índia e Omã, contribuíram com pequenas porcentagens.
A predominância do diesel russo no Brasil se deve ao desvio de produtos americanos para a Europa após os embargos, criando um mercado favorável na América Latina. Pedro Rodrigues, do CBIE, afirma que o preço do diesel russo é inferior no mercado internacional, reduzindo a disparidade com o diesel nacional. Ele também menciona que a flutuação do câmbio tem sido relevante, especialmente após a queda recente.
Flutuação livre de ajustes
Vetter acredita que o diesel russo continuará dominando o mercado brasileiro, mas a defasagem da Petrobras deve permanecer entre 2% e 4%. A empresa não tem pressa em reajustar, mesmo após aumentar o preço da gasolina em R$ 0,20. Fatores como furacões e instabilidades nas refinarias russas podem influenciar os preços futuros. Um ex-executivo da Petrobras afirmou que não houve prejuízo nas importações de diesel entre 2023 e 2024. Ele destacou o aumento da produção nacional como um fator importante.
Recentemente, o preço do diesel russo no porto brasileiro era US$ 0,25 mais barato por galão do que na bolsa de Nova York. Essa diferença caiu para US$ 0,17. Amance Boutin acredita que essa redução no diferencial de preços pode indicar um novo padrão de mercado. Os russos estão tentando aumentar suas margens devido à crescente demanda interna.